Quando cachorros rolam e
ficam de barriga pra cima, o comportamento indica um sinal de submissão. Novas
pesquisas sugerem que podemos estar errando na interpretação da linguagem
corporal canina.
Um novo estudo da
Universidade de Lethbridge, no Canadá, e da Universidade da África do Sul
mostra que rolar pode ser mais uma manobra de combate que um ato de submissão.
Para o estudo, os
pesquisadores observaram uma fêmea de tamanho médio enquanto ela brincava com
33 cachorros diferentes, um de cada vez. Eles também analisaram 20 vídeos do
YouTube de cachorros brincando – examinando todas as vezes em que o cachorro
rolava e ficava deitado de barriga para cima.
O que os pesquisadores
descobriram: Nenhum dos movimentos observados no estudo eram consistentes com
submissão. Em vez disso, eles pareciam ser usados como tática defensiva, para
evitar mordidas no pescoço, ou ofensivos, para lançar um ataque.
“Ficamos muitos surpresos,
pois em nenhuma das vezes em que o cão ficou na posição supino pudemos atribuir
o movimento à submissão”, disse ao Huffington Post, por email, Sergio Pellis,
professor de neurociência da Universidade
de Lethbridge. “Isso sugere que outros estudos que usaram a
postura supino como indicador de submissão podem ter exagerado o papel das
relações de dominância na regulação do comportamento social de cães domésticos
em geral e a relevância das relações de dominância durante as brincadeiras em
particular.”
Em outras palavras, rolar
nem sempre tem a ver com dominância e submissão. Afinal de contas, os
pesquisadores explicaram que, se rolar fosse um gesto de dominância nas
brincadeiras, os cães menores ou mais fracos é que tenderiam a fazer esse
movimento – mas os pesquisadores observaram que a probabilidade maior era que o
cão maior rolasse.
Os autores do estudo também
indicam que, se o movimento de rolar estivesse sendo usado como um gesto de
submissão, o cão ficaria naquela posição por mais tempo – mas as roladas
costumavam durar pouco tempo.
Por que interpretamos esses
movimentos da forma errada? Pellis aponta para pesquisas anteriores com lobos.
Em alcateias, animais de status inferior tendem a rolar como maneira de
demonstrar submissão, mas isso acontece geralmente em situações que não são de
brincadeira.
“Apesar de os cachorros
serem descendentes dos lobos, seu comportamento é ligeiramente diferente”,
disse Pellis em seu email. “Para entender melhor o comportamento do cão,
portanto, precisamos examinar com cuidado as aptidões deles dentro do contexto
de seu ambiente atual, como parceiros dos humanos.”
O estudo foi publicado na
edição de janeiro de 2015 da revista Behavioural
Processes.
Este artigo foi
originalmente publicado pelo HuffPost
US e traduzido do inglês.
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