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domingo, 6 de abril de 2014

Dependência química

A dependência gerando perdas


Ingressar no caminho da dependência química é como montar um álbum de figurinhas, em que cada peça é o registro de uma perda importante: de uma pessoa amada ou dos pais que fez sofrer, de um vínculo que se rompeu, de um emprego que se perdeu, de uma confiança que foi quebrada, de uma agressividade gratuita, de um filho que não se viu crescer ou não ajudou a formar, de um(a) companheiro(a) que ficou no caminho, de um patrimônio que se esvaiu, de sonhos que se perderam, da saúde que se destruiu, enfim, de dias amargos de sofrimento.

Por conta de tudo isso, o dependente começa a trilhar um caminho solitário como se as outras pessoas deixassem de fazer parte de sua trajetória, num caminho de dormir e acordar na escuridão.
O processo do olhar voltado para “si” se constitui em um momento muito doloroso na maioria dos casos. Junto com a dependência química, o indivíduo desenvolve habilidades para mascarar seu uso e para obter a próxima dose. Com isso, sedimenta desvios de conduta que lhe permitem mentir, omitir, difamar ou roubar, até que se torne não confiável aos olhos das outras pessoas, em que melhor é não o ter por perto para evitar problemas.
Considerando que a confiança é um componente importante nas relações familiares, amorosas e sociais, o dependente químico acaba propiciando seu próprio isolamento. Esses desvios de conduta costumam ser responsáveis pela perda dos vínculos empregatícios e pela marginalização social do dependente químico. Não raro também afeta as relações familiares, embora a família seja, geralmente, a última a “largar de mão”. Esse abandono também acontece num processo doloroso levando à quebra de vínculo e ao sofrimento de todos.
Há uma relação bastante estreita entre dependência química e situação de marginalidade (no sentido de se colocar à margem das regras e do convívio social), derivando daí a imagem negativa que a sociedade vincula ao dependente como bandido, criminoso, ladrão, assassino. Essa imagem limita a compreensão de que dependência química é uma doença e não “fraqueza” do dependente. É comum o dependente químico colocar-se diante de todas as mazelas geradas pela dependência como vítima da incompreensão dos outros e até buscar, na conduta alheia ou em acontecimentos inevitáveis, motivação para manter-se dependente. Esses sentimentos fazem parte das estratégias de fuga e de negação da responsabilidade pelos seus atos.
Por Iracema dos Anjos
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