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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

UM BOM EXEMPLO A SER SEGUIDO...

                                              
ESCOLA MUNICIPAL SANTA LUZIA



PROGRAMA  DE PREVENÇÃO A EDUCADORES NATURAIS REALIZADO NA ESCOLA M. SANTA LUZIA

Período:de agosto a dezembro de 2011
Parceiros: Secretaria Municipal de Educação e Projeto Reviver Vida Nova

Em janeiro de 2011, ao assumirmos a direção da escola Municipal Santa Luzia, entre alguns problemas, detectamos a invasão de vândalos a escola, para lá consumirem drogas, e amedrontando e ameaçando, colocando em risco as crianças e jovens e toda  equipe escolar.

A escola Santa Luzia está localizada no bairro Trevo, e sua realidade mostra  um número de pessoas em situação e risco e vulnerabilidade social, sem contar as crianças que recebemos oriundas do Bairro Olaria, Projeto Califórnia  e Agrovila. Recebemos total apoio da Secretaria de Educação e outras como Obras e Infraestrutura e começamos uma batalha para afastar de lá os usuários e conscientizar a comunidade escolar quanto aos riscos de se envolverem. A escola passou por uma pequena reforma, e saímos em busca de apoio com outros órgãos, para saber lidar com um tema tão delicado.

Procuramos a Psicóloga Iracema dos Anjos , do Projeto Reviver Vida Nova para uma orientação e aconselhamento, como agir nestas situações. A mesma esteve na escola, conversou de sala em sala no horário noturno, fez uma sondagem das turmas, com os alunos abordando o tema, falando sobre as conseqüências do uso das drogas e ao final se colocou a disposição em nos auxiliar e nos falou do Projeto que poderia desenvolver, abordando o tema, como prevenir e como lidar com estas situações, orientando pais e professores, que são “Educadores Naturais” . O curioso é que após a palestra na escola, alguns alunos já  procuraram a psicóloga para falar de seus problemas, dificuldades e experiências com álcool e droga, o que nos incentivou mais ainda a pensar que estávamos no caminho certo. 

Paralelo a isto, sempre surgiram casos de indisciplina e violência escolar principalmente no horário matutino. Incomodados com esta situação e com uma cobrança dos professores para uma posição da escola, começamos a encaminhar estes alunos para acompanhamento no CRAS (Centro de Referência em Assistência Social) Conselho Tutelar e Casa da Criança Cidadã, para que pudessem estar ocupados com atividades prazerosas.
Procuramos a Secretária de Educação Dr. Eliane de Moura Moraes, a qual se mostrou sensível ao assunto e se colocou à disposição, dando sinal verde à proposta do Projeto.
O Projeto entraria com os palestrantes e acompanhamento e a Secretaria de Educação com a confecção de camisetas para os participantes, pastas  e coffee - break para a aula inaugural. Iniciamos o Projeto em agosto se estendendo a dezembro de 2011.
Com a parceria  com o Projeto Reviver Vida Nova,  divulgamos o Projeto que seria implantado na escola, fizemos a inscrição de pais, alunos, funcionários e professores. Na aula inaugural já fomos impactados, com a desenvoltura da professora Maria da Conceição, pedagoga convidada do projeto Resgate de Aracaju – SE em abordar o tema, levando pais, professores e alunos a se questionar e a instigar a pensar sobre a nossa postura enquanto responsáveis diante do problema do álcool e outras drogas.

Inicialmente pensamos que o Projeto não decolaria, devido a grande ausência de  pais e professores às aulas, mais a cada tema abordado ficávamos surpresos com os temas abordados e  encerramos os 05 módulos. Juntamente com a equipe de técnicas, decidimos alcançar mais  pais de alunos e professores e mudamos as estratégias. As técnicas do Projeto Reviver vieram a escola para reunir-se com pais por horário, onde obtivemos um resultado muito positivo. Alguns puderam expor suas dificuldades, dúvidas, problemas, onde se mostraram interessados na continuidade do Projeto na escola. Para alcançarmos um número grande de professores, nos reunimos num sábado, onde também os resultados foram bastante significantes.
Partimos então para os questionários e diagnósticos, onde pudemos observar que após pesquisa com alunos, que a droga mais presente na escola, que os mesmos utilizam é  mais tabaco e depois o álcool, sendo que eles relatam no questionário a presença da “cola de sapateiro” no recinto Escola, mesmo em pequena quantidade, esse dado é relevante, por se tratar da droga de consumo nesta idade (adolescência e infância) , por causa do custo.
Sabendo da real situação e necessidade da escola e dos educandos, a psicóloga Iracema dos Anjos as técnicas Meiri Rosa do Nascimento e Maria José Correia estagiárias de serviço social e a pedagoga Mirian do Nascimento tendo encerrado o período de palestras na escola, iniciam no mês de novembro, nos dias 23 e 30 uma Ouvidoria na escola, para atender pais, alunos, professores e funcionários. Improvisamos consultório na sala da secretaria e direção. Segundo relato das assistentes sociais foram  detectados problemas graves de usuários que não são apenas financeiros, mas também problemas sociais como o álcool, falta de orientação sexual,negligência da família gerando problemas relacionados a sentimentos tais como auto estima baixa, mudança de comportamento, agressividade, falta de vínculos afetivos proporcionando desinteresse do aluno, agitação e mau relacionamento escolar e familiar. De acordo com os depoimentos de mães, algumas estavam muito preocupadas e se emocionavam ao contar suas queixas que resultam em problemas aos quais não conseguem solucionar sozinhas.
Ao atenderem os alunos, foi possível perceber o grau de dificuldade na comunicação e desenvolvimento das crianças, já os adolescentes necessitam de informações pertinentes ao contexto social, bem como laços afetivos emocionais familiares e também do ambiente escolar. Os atendimentos às crianças nortearam aos problemas já mencionados anteriormente, bem como agitação e perverso relacionamento  acometendo brigas na escola, desestimulando o interesse. Desta forma necessitam de apoio social, havendo casos em que faz-se necessário o acompanhamento psicológico. A culminância do trabalho resultou em bons frutos, e podemos pontuar o brilhantismo e profissionalismo da equipe que realizou os atendimentos, criando vínculos com alunos, pais de alunos e toda a equipe escolar. Alguns  expontaneamente vieram expor suas queixas, conversar, e de outros solicitamos a presença dos pais  para que o acompanhamento fosse efetivo. O atendimento não se resumiu apenas aos usuários de drogas/dependentes químicos, mais a pessoas com problemas relacionados à família, alunos com problema na escola, com déficit de aprendizagem, comportamento agressivo, dentre outros. Professores com dificuldades em entender certos comportamentos de alunos, dentre outros.
Muito positivo o trabalho das técnicas para o desempenho  emocional dos nossos alunos e para o próprio relacionamento da escola x professores x alunos. Nossa sugestão aos órgãos da administração municipal, seria a continuação e a multiplicação deste trabalho em outras escolas, para que outras famílias, professores e profissionais da área da educação sejam alcançados,  pois sabemos que a nossa sociedade encontra-se carente afetivamente, devido a grandes influências externas, e  escola sem este suporte técnico não pode ir muito longe com seu trabalho de prevenção e sustentação às famílias. Percebemos jovens que gostariam de ser ouvidos, de expor suas queixas, outros que necessitam de um acompanhamento  psicológico mais prolongado, com quadro leve de depressão, famílias com problemas de álcool e drogas, que só profissionais capacitados podem detectar e auxiliar o trabalho da equipe escolar.
Seguem anexos  relatos de alguns professores e alunos sobre o Projeto  e o relatório da equipe de técnicas do Projeto Reviver.
RELATO DE ALUNOS
“Foi muito bom, eu pensei que a psicóloga era uma pessoa muito brava, mais ela é muito alegre para com todas as pessoas, foi muito bom para mim... “ Luciano 6.º ano A ( sofre e mostra isto em seu comportamento na escola, pois convive com a triste realidade de ter um irmão no CENAN, por causa do CRACK)
“Eu achei muito bom conversar com Iracema, eu falei tudo e ela me ajudou muito a pensar mais ainda. Eu preciso da ajuda dela para parar de chorar facilmente com tudo o que me acontece. Ela me deu bons conselhos e ajudou-me, mais se eu pudesse eu iria todos os dias conversar com ela e falar das coisas que me fazem chorar. Eu quero ser encaminhada para falar com ela, pra ela me ajudar...” Islane 7.º ano A (problemas na família)
“Bem, depois que eu tive a conversa com a psicóloga, me senti muito melhor, porque antes eu não conseguia ter segurança no que fazia,  nem conseguia criar, ou muito menos produzir alguma coisa. Ela me passou tranqüilidade e segurança no que eu faço, mais nem tudo foi aconselhado como eu queria. Tudo o que ela falou eu acho que se encaixou perfeitamente em mim. Eu gostei de falar com ela...” José  9.º A (problemas da adolescência, muitos questionamentos, vontade de morrer, de se isolar)
*Nos relatos, preservamos o nome completo dos alunos.
RELATO DE PROFESSORES
“Para mim a aula da psicóloga foi muito gratificante, tanto para mim, como para todos que ali estavam naquela noite. O que eu mais gostei foi quando ela falou das drogas. O que para mim, drogas não são apenas a maconha e cocaína, e sim todos os vícios como o cigarro, a bebida, etc..Foi uma aula muito  importante, porque o que eu aprendi, socializei com meus alunos.”  Profª Alaí - língua portuguesa
“O trabalho da psicóloga Iracema foi de total importância para o desenvolvimento das nossas ações aqui nesta instituição, porque envolveu não só os funcionários e alunos como também os pais. No entanto o efeito se deu nos eufóricos comentários de todos que por ela foram ouvidos e bem orientados.Entendemos que a principal base do ser humano se constitui na família, porém se algo neste contexto está mal resolvido, certamente irá implicar em nossas atitudes fora dele. Apesar de ter sido um curto período de tempo, mais foi muito proveitoso!  As técnicas com certeza deram uma grande contribuição não só profissional mais como pessoa, sempre atenciosas e
amigas. No entanto fica aqui o nosso agradecimento e o desejo de que muitas vezes voltem a nossa escola, e que também outras instituições possam usufruir de um trabalho tão importante como este que tivemos a honra de receber aqui, e como também literalmente podemos dizer: em nossas casas.” Prof. Alba Castro – 2.º ano
“Eu achei a psicóloga ótima. Ela sabe tocar nossos corações. Ela sabe passar a mensagem bem esclarecedora e eu gostaria que ela continuasse este trabalho. Ouvi alguns pais de alunos elogiando-a e querendo que este Projeto continue na escola no próximo ano.” Ana Ilda – 3.º ano
“A psicóloga e assistente social atenderam minhas expectativas, suprindo em parte  as necessidades que  me acompanham há algum tempo.” A mesma me deixou muito à  vontade. Para que eu pudesse desabafar tudo que me afetava emocionamente. Foram mais ou menos 60 minutos de muito alívio. Ela deixou bem claro que minha situação deveria ser acompanhada  por um período indeterminado, até que eu me sentisse mais leve.” Ana Valéria – adjunta da equipe diretiva. 





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